O NOSSO CÂNION

Juliano Camargo, Publicado no Jornal A Gazeta Notícias em 01de outubro de 2009.






Importante feição natural da região e formação rochosa rara no Brasil, cânion compõe a beleza natural dos municípios de Nova Campina,Itararé, Itapeva e Bom Sucesso de Itararé.

Eles são gigantescos, dotados de uma beleza rara. São belos e exuberantes. Estão localizados em Itapeva, estende-se também de ponta a ponta a todo o oeste do município de Nova Campina, passando por Bom Sucesso de Itararé e seguem até ao norte do Paraná, nas localidades próximas a Campo Largo. São os chamados cânions. Nos lugares em que se localiza, recebe denominações locais, tendo então diversos nomes: como por exemplo, o cânion guartelá.Na nossa região,o cânion é conhecido como o canhão de Itanguá, ou cânion de Itanguá.

Segundo definições da geomorfologia ou geologia: Cânion seria como que uma espécie de garganta profunda. De acordo com as informações que se tem e pela sua gênese de formação, os cânions, esses grandes paredões rochosos, são belezas naturais formadas pela dinâmica interna e externa de algumas condições físico-naturais promovidas no ambiente terrestre.
Escarpamento Furnas como é cientificamente conhecido, o cânion é revelador e esplendoroso. Esconde riquezas profundas e que até contam sobre nosso passado.

Conversamos com alguns especialistas e estudiosos, sobre a importante função exercida por esses extensos paredões rochosos de arenito de nossa região e o colocamos como ponto de observação em relação ao turismo, à educação, ao meio ambiente etc. Confira o que disseram.

Cânion de Itanguá: Definições, características e preciosidade com grande potencial para estudos científicos


Para o arqueólogo e geógrafo Sílvio Alberto Camargo Araújo, a área tem um grande potencial para estudos científicos, educacionais e turísticos.



"O Escarpamento Estrutural Furnas, assim como é conhecido cientificamente o Canhão do Itanguá, é uma formação rochosa de arenito, rocha sedimentar de origem marinha, e é considerado um sítio geomorfológico raro no Brasil, apresentando um conjunto de formas antigas de relevo que guardam importantes informações ambientais em suas camadas sedimentares e que contam a história natural de nossa região que no passado foi fundo de um grande mar que sofreu soerguimento por forças internas da Terra conhecidas como forças tectônicas, isso quando América do Sul e África ainda estavam próximas uma da outra", explica o arqueólogo.

Características
“Canhão vem do latim que significa peça de artilharia ou cano referente aos vales fechados e Itanguá vem do Guarani e significa pilão de pedra, alusão as formas de panelas encontradas no leito dos riachos existentes lá”, esclarece Sílvio.

O Canhão do Itanguá se estende por cerca de 250 km, entre os estados de São Paulo e Paraná e apresenta torno de 1.100-1.200 m de altitude em relação ao nível do mar. O Escarpamento tem idade que varia de 300 a 250 milhões de anos aproximadamente.

Devido a sua formação, o local abriga cachoeiras, grutas belas cavernas. "O Canhão apresenta feições geomorfológicas importantes como relevo ruiniforme, morros testemunhos, escarpas e rios que formam canhões, cachoeiras e corredeiras, além de várias grutas e pequenas cavernas", afirma o arqueólogo Sílvio Araújo.

Segundo o professor Sílvio, o no interior do cânion encontram-se dezenas de sítios arqueológicos que estão sendo estudados pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo e atribuídos a grupos de caçadores-coletores que podem ter idade de até 10.000 anos, além de outros sítios de guaranis e kaingangs, que são grupos agricultores que ocuparam a região a cerca de 2000 anos atrás.

Próximo ao Canhão são encontrados estromatólitos que são fósseis de bactérias que viviam em colônias em um ambiente marinho de pouca profundidade a cerca de 2 bilhões de anos e descobertos pela primeira vez em na América do Sul na década de 1940. Tamanha foi a descoberta que o pesquisador Flávio Almeida deu o nome as colonias de bactérias de Collenia Itapevensis.

O município de Nova Campina em parceria com o Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo tem a intenção de transformar a área em monumento natural conforme legislação vigente destinando-a para preservação do meio ambiente e a educação ambiental.

De forma geral sem uma delimitação definida para área do Canhão do Itanguá existem pelo menos três propostas para transformação da área em uma Unidade de Conservação da natureza, a primeira realizada pelo ex-prefeito Felipe Marinho com ajuda de Cícero Marques em 1978; a segunda proposta realizada pela Organização Ambiental Cílios da Terra em 1999 que circulou internamente na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo; a terceira, realizada através da dissertação de mestrado do professor Silvio Araújo, que propõe para a área a formação de reservas particulares.

Importante Instrumento para Educação

Falando da importância do cânion na questão da educação escolar, o professor de geografia, Juliano Camargo afirma: “Na educação podemos destacar a importância do cânion, no que diz respeito à leitura da paisagem e seus resultados. Sabe-se que todas as formas de paisagens refletem transformações temporais e conservam testemunhos de tempos passados. Aí é que se destaca a preciosidade de se trabalhar a educação ambiental, geografia, reflexão e estudos através do cânion. Sem dúvida, ele é um enorme potencial para educação”.

Juliano Camargo, Licenciado em Geografia e estudioso do escarpamento furnas

“A educação em geografia tem como objetivo situar o aluno no lugar e fazer com que ele forme um conceito e por si mesmo, analise e reflita, para que possa assim atuar e agir de forma positiva e independente na atuação sobre o espaço”, diz Juliano.

Juliano ainda explica: “Podemos colocar da seguinte forma: ao analisarmos o Escarpamento de Furnas, podem-se enxergar diversas áreas para se trabalhar. Ele apresenta paisagem, inspira o folclore, mostra cachoeiras, nascentes, possui riqueza de cultura ecológica, facilita o turismo, traz a questão da conservação ambiental, permite o estudo da arqueologia, geologia e através de tudo isso, requer conservação, o que é algo extremamente importante que as autoridades verifiquem. Não podemos perder essa riqueza”.

Potencial para o turismo

Paula Costa, consultora de Turismo destaca o grande potencial turístico do cânion. Para ela, um dos maiores atrativos da região. "O Cânion é um tremendo potencial Turístico. É um dos maiores atrativos que temos aqui", afirma Paula Costa consultora de Turismo. Para ela, o desenvolvimento do turismo no cânion pode se dar com a criação de núcleos. Segundo Paula Costa, a exemplo do famoso Petar, o cânion do Itanguá, por se abrigar em mais de um município (Itapeva, Nova Campina e Bom Sucesso de Itararé) pode ser trabalhado em núcleos, o que segundo ela, é mais viável.

Paula também lembra a importância de se ter dentro de tudo isso, um plano de manejo e todo um trabalho muito bem planejado de uso dessas áreas, focando sempre na preservação do meio ambiente.

A consultora ainda destacou a falta de infra-estrutura da região para se trabalhar o ecoturismo, mas afirma: “O desenvolvimento do Turismo é meta de governo de Itapeva”. Assim Paula falou sobre as etapas que já estão sendo realizadas para que haja uma sensibilização e um planejamento sustentável no turismo em Itapeva. “Queremos mostrar ao Itapevense o potencial que Itapeva tem; Itapeva e a região”, finalizou


Para saber mais:

https://www.geocaching.com/geocache/GC5TP11_geomorphological-aspects-of-canyon-pirituba

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